quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
O pai de todos
Artistas contemporâneos influenciados por Jorge Ben
LUCAS SANTTANA
Em Sem Nostalgia, o cantor e compositor baiano misturou samples de violão (inclusive de Jorge Ben Jor) com ritmos eletrônicos. Foi muito influenciado pelo suingue com que Jorge mistura samba, rock e soul
CURUMIN
O multi-instrumentista dá continuidade à mistura em que Jorge Ben Jor foi pioneiro: samba, soul e rock
MAX DE CASTRO
Filho de Wilson Simonal, o cantor e compositor carioca é, musicalmente, o cruzamento de Jorge Ben Jor com Prince
LOS SEBOSOS POSTIZOS
Esse projeto paralelo da banda Nação Zumbi recria - de maneira meio bagunçada - o balanço das canções de Jorge Ben Jor nos anos 60 e 70
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Hora da revanche
Como as cantoras falam de relacionamentos que deram errado
Amor cafajeste
As divas do jazz nos anos 30 e 40 eram meio masoquistas: sabiam que a relação ia acabar mal, mas entravam nela de cabeça. Em Fine and Mellow, Billie Holiday cantava: "Meu homem não me ama / Me trata tão mal... / Mas quando ele começa a me amar / Ele é tão bom e doce"
Fossa profunda
A música romântica dos anos 50 e 60 trazia uma visão mais idealizada do amado - e o rompimento era mais exagerado. Julie London chorava rios de lágrimas no sucesso Cry Me a River e Dionne Warwick, em Walk On By, dizia ao ex: "Me deixe sofrer sozinha". As duas músicas, aliás, foram compostas por homens
Feminismo magoado
Do fim dos anos 60 em diante, as cantoras começam a se colocar em pé de igualdade com os homens. Carly Simon ataca a vaidade do ex em You¿re So Vain - mas ainda sofre pacas: "Você desistiu das coisas que mais amava, e eu era uma delas"
Rancor roqueiro
Na esteira do grunge, o rock raivoso de Seattle, a canadense Alanis Morissette compôs um marco da quebradeira de pratos em You Oughta Know, de 1995. "Você pensa em mim quando está com ela na cama?", pergunta a cantora (e, no original, os termos não são tão elegantes)
Ressentidas, mas com graça
A safra mais recente de cantoras, como Lady Gaga e Taylor Swift, faz músicas para constranger os antigos namorados. "Você não é grande / Você não é esperto / Não, você não é bem-dotado, meu caro", debocha Lily Allen em Not Big
A prima-dona e os castrati
O soul deu samba
Alma do negócio
Nos últimos dez anos, entre as 50 canções mais executadas em rádio no país o soul multiplicou sua participação em mais de 7 vezes
2009 - 15 canções
1999 - 2 canções
O NÚMERO DE CÓPIAS VENDIDAS NO BRASIL POR GRANDES NOMES DO SOUL
AMY WINEHOUSE (dois discos) - 505 000 cópias
A vendagem é superior à de Infinito Particular e Universo ao Meu Redor, os dois últimos discos de Marisa Monte, com 460 000 cópias
BEYONCÉ (três discos) 360 000 cópias
Seu lançamento mais recente, I Am... Sasha Fierce, vendeu 130 000 unidades - quase a mesma quantidade que Dois Quartos ao Vivo, de Ana Carolina
RIHANNA (dois discos) 330 000 cópias
Pouco menos do que Borboletas, o disco mais vendido da dupla sertaneja Victor & Leo
JOSS STONE (três discos) 152 000 cópias
Seu penúltimo trabalho, Introducing... Joss Stone, vendeu 30 000 cópias. Pode Entrar, o mais recente lançamento de Ivete Sangalo, está em 50 000 unidades
A evolução do embalo
HIP HOP SOUL - Anos 90 É a mistura das melodias românticas da soul music original com as batidas do rap. Mary J. Blige é o grande expoente
R&B - Segunda metade dos anos 90 Artistas de sucesso como Beyoncé continuam a explorar a batida do rap, mas com uma instrumentação ainda mais próxima da soul music dos anos 60 e 70
RAP - Anos 80 Grupos como Public Enemy aproveitam a batida e os temas instrumentais da disco e improvisam rimas em cima dessas bases
DISCO - Segunda metade dos anos 70 O funk cai no gosto dos DJs, que passam a produzir artistas feitas para a pista de dança, como Donna Summer
SOUL MUSIC - Anos 60 É a versão mais urbana e branda do rhythm¿n¿blues. Foi dominada pela Motown, gravadora que revelou Stevie Wonder
FUNK - Anos 70 Artistas dançantes como James Brown aceleram o rhythm¿n¿blues e o misturam com rock
RHYTHM¿N¿BLUES - Período áureo: década de 50 É a união de duas vertentes da música negra americana: a música gospel, cantada nas igrejas, e o blues, melancólico e "profano". Ray Charles (que também seria um dos criadores do soul) foi o grande expoente do gênero
Molto agitato
Que tipo de autoridade um maestro tem de exercer sobre a orquestra?
Na arte, as hierarquias são tão importantes quanto no Exército. Não tem como colocar 100 pessoas tocando a mesma coisa, do jeito que cada uma quer. Tem de haver uma liderança. Reger uma orquestra é trabalho psicológico da mais alta precisão. Não é uma coisa fácil você trabalhar com 100 pessoas diferentes, todas elas sensíveis, todas elas artistas, muitas frustradas por estarem na última estante para o resto da vida. Na arte, não existe democratismo. Não se pode deixar a música na mão do coletivo, porque ele tende à mediocridade.
Os músicos não buscam a excelência por si sós?
Os músicos defendem a média. Não querem sobressair porque, permanecendo na média, estão seguros. Imagino que no jornalismo, na medicina, na publicidade seja a mesma coisa. Ao longo do tempo, a média ganha sempre.
As correntes musicais modernas mais extremas, como o atonalismo, afugentam o público?
O atonalismo em si, não. Mas o racionalismo da música do século XX afugentou, sim. O maestro e compositor Leonard Bernstein falava da física na música: há uma escala harmônica, em que cada som que você ouve tem um centro tonal. Se você se afasta conscientemente desse centro, acaba afastando as pessoas da música, porque elas querem sentir a fisicalidade da melodia. Eu entendo isso. O público gostava de ouvir compositores modernos como Schoenberg quando eu os fazia na Osesp. Não havia uma rejeição. Outro dia, encontrei um ouvinte na rua que lembrou da 13ª Sinfonia do Shostakovich. Ele disse: "Pô, maestro, depois que eu ouvi aquilo, fui tomar um chope. É muito dramático". Perguntei se ele compraria um disco com aquela sinfonia, e ele disse que não. Eu respondi: "Foi por isso que programei aquela música: para você ouvir aquilo que não ouviria em casa". A obrigação de uma orquestra paga pelo governo é mostrar coisas que as pessoas não conhecem.
Em 1984, quando era diretor artístico do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o senhor se recusou a reger um concerto estrelado pela cantora Clementina de Jesus. Por quê?
O concerto com Clementina era uma proposta do Darcy Ribeiro, então vice-governador do Rio de Janeiro. Não sou populista, cada lugar tem sua linguagem. Você não precisa fazer partido-alto no Teatro Municipal, como também não precisa levar ópera para o partido-alto. Não acho que se deva "deselitizar" o Teatro Municipal. E, quando falo de elite, não estou falando de pessoas que têm dinheiro: elite é quem quer ouvir aquela linguagem, que exige mais concentração e mais estudo. Não fui contra a Clementina de Jesus, fui contra essa deturpação da linguagem. E disse que o Darcy era um antiantropólogo, porque queria impingir ao Teatro Municipal um tipo de público que não conhecia o local, nem sua linguagem, e não tinha interesse pela música tocada no teatro.
Seus pais foram judeus austríacos que aportaram no Brasil fugindo do nazismo. Em Música Mundana, o senhor diz que hoje tem orgulho de não ter nacionalidade austríaca. Por quê?
Sou uma consequência da cultura austríaca, mas não sou um grande fã da Áustria como caráter nacional. Ela foi um dos poucos países que receberam o nazismo de braços abertos, feliz da vida, e depois da guerra foi um dos primeiros países a se declarar vítima absoluta da invasão nazista. Há uma desfaçatez austríaca nessa facilidade com que eles expulsaram toda uma geração que contribuiu de forma tão fantástica para a cultura do país. Estudei na Áustria e morei lá muito tempo. Pedi um passaporte austríaco, que foi negado. Trabalhava então na Ópera de Viena, e seria mais fácil fazer contratos como austríaco. Recusaram o meu passaporte por razões ridículas. Fiquei com uma certa vaidade de terem negado. Até hoje eu me orgulho de não ser austríaco. O antissemitismo na Áustria, além disso, é uma coisa muito entranhada.
No livro, o senhor chama atenção para o paradoxo da música de Richard Wagner, um antissemita que teve e tem grandes regentes judeus.
Os melhores regentes de Wagner são judeus. O primeiro foi Hermann Levy, que era filho de um rabino. Eu não tenho problemas em reger Wagner. Mas não concordo com aqueles, como James Levine ou Daniel Barenboim, que vão a Bayreuth (cidade alemã, sede de um grande festival dedicado às óperas de Wagner). Lá ainda é um centro de ideologia nazista.
No tempo em que foi casado com a atriz Lucélia Santos, o senhor tomou o santo-daime. Por que buscou essa experiência?
Sempre fui extremamente curioso nos assuntos espirituais. Nunca consegui ser agnóstico e nunca consegui ser crente. O daime foi uma dessas buscas. Daime, mescalina, essas experiências extrassensoriais de que o Aldous Huxley falava já me interessaram. Mas há muito tempo não bebo nem fumo nada. Foi na caretice que eu cheguei mais perto do gnosticismo. Encontrei no judaísmo muitas respostas para o que eu estava procurando nessa época: uma compreensão da bondade no ser humano, e não necessariamente a busca das dádivas lá de cima.
O que acarretou sua saída da Osesp?
Foi uma decisão ideológica do conselho da Fundação Osesp, que entrou em um caminho que não considero correto, um caminho tipicamente americano - tanto que um dos consultores é o Henry Fogel, que foi presidente da League of the American Orchestras. Ele é o papa de uma nova linha de administração, na qual o diretor artístico deve ser diminuído em relação ao diretor executivo, e na qual uma orquestra tem de se sustentar exclusivamente com o aporte financeiro da sociedade. Isso nos Estados Unidos é possível. No Brasil, ainda não. O governo é responsável por grande parte do orçamento da Osesp. A primeira consequência dessa nova linha foi o aumento no preço dos ingressos e das assinaturas. Eu insisto na ideia de que a orquestra precisava de ingressos baratos. Uma das grandes vantagens de uma orquestra do estado é que ela pode educar um público, como eu eduquei durante doze anos, com peças novas. Na programação da Osesp no ano que vem, as únicas peças brasileiras são as que eu já tinha encomendado. Quanto à tese de que foram meus problemas pessoais com o governador José Serra que acarretaram a saída, eu não a endosso. O governador evidentemente não simpatizava comigo, e hoje eu posso dizer claramente que não simpatizo com ele. Mas Serra tinha mais que fazer do que ficar pensando em mim. E eu também tinha mais que fazer do que ficar pensando nele.
Seu contrato ia até 2010. Seria o fim de seu ciclo ou o senhor queria ficar mais?
Nunca vi necessidade da eternidade no poder. Acho perigoso, inclusive, uma pessoa ficar tempo demais. É normalíssimo que as orquestras continuem depois de perder o maestro. Só que há orquestras mais estruturadas e menos estruturadas. E há formas e formas de fazer a sucessão. Eu me propunha a ficar algum tempo mais, sair de cena gradualmente. Queria fazer a transição aos poucos, para manter a orquestra com a mesma glória, com o mesmo espírito que ela tinha antes. Isso não foi possível, e eu lamento muito. Já está provado que não será possível achar um maestro até 2012. Como uma filha, eu queria entregar a Osesp ao noivo - e não que ela fugisse de casa. Não foi assim. Agora, minha questão é continuar vivendo como músico digno. A Osesp é passado.
Crepúsculo do astro
O compositor do Império
Uma tremenda farra
O cafajeste não vê idade "Em meio aos carrões, às festas e às brincadeiras, houve em 1967 um equivocado processo de corrupção de menores, que quase acabou com a nossa vida. Eu e Eduardo Araújo encontramos, por acaso, umas meninas que conhecíamos de São Paulo e as levamos para a casa do (Carlos) Imperial, que ficava em frente. Cheguei, peguei a letra de uma música que ia gravar (O Carango) e fui embora. Mais tarde, a polícia pegou as meninas, que eram menores, andando sozinhas em Copacabana. Elas disseram que estavam na casa do Imperial, comigo e com o Eduar-do, numa festinha regada a álcool e sexo. Nasceu daí o processo. (...) Numa das acareações exigidas no decorrer desse processo, ficaria imortalizada mais uma das famosas frases de Imperial, quando frente a frente com o juiz disse: ¿Vossa Excelência me desculpe, mas quando conheço uma mulher não peço a carteira de identidade dela¿." Trecho de Minha Fama de Mau
Sons do amor "Tim Maia não tinha limites. Cansei de receber ligações dele que começavam com sua gravação de Descobridor dos Sete Mares em volume altíssimo, enquanto sua voz berrava: ¿Tá ouvindo? Isso é que é som, vê se aprende a fazer!¿. E meia hora depois: ¿Agora, Erasmo Carlos, você vai ouvir o som do amor que as gatinhas estão fazendo comigo¿. E vinha o flaft, floft, flaft, floft." Trecho de Minha Fama de Mau
O poder do sussurro
Quatro expoentes do canto minúsculo
FERNANDA TAKAI
Onde aprendeu a cantar: com os intérpretes contidos da bossa nova - em particular, com Nara Leão - e artistas pop de vocais delicados como Tracey Thorn, do duo Everything But the Girl, e Suzanne Vega
O maior acerto: canções tristes e sofridas - como Luz Negra, de Nelson Cavaquinho - ganham uma pungência sem melodrama na sua interpretação
CARLA BRUNI
Onde aprendeu a cantar: italiana de nascimento, a primeira-dama da França é fiel aos artistas franceses de chanson, de voz discreta, quase falada, como Serge Gainsbourg
O maior acerto: seus sussurros sublinham a sensualidade de letras como Tu Es Ma Came, na qual compara a paixão por um homem ao vício em heroína
LILY ALLEN
Onde aprendeu a cantar: suas principais escolas musicais são os artistas de ska inglês, surgidos no fim dos anos 80, e o canto falado do rap
O maior acerto: seu canto não é propriamente pequeno - é infantilizado. Esse tom de menininha dengosa torna mais debochadas canções como Smile e Not Fair, em que ela reclama dos ex-namorados
MADELEINE PEYROUX
Onde aprendeu a cantar: a cantora americana é imitadora de Billie Holiday, cuja voz tem um alcance menor do que a de outras divas do jazz
O maior acerto: emulando o modo preguiçoso e dolente de Billie Holiday, Madeleine encontrou o tom certo para clássicos do country e do blues como Weary Blues from Waitin¿, de Hank Williams, e Careless Love, de W.C. Handy
Zubin Mehta: Um tesouro nacional
O contrabaixo veio da favela
Em uma visita anterior ao Brasil, em 2005, o maestro Zubin Mehta entusiasmou-se com a Quinta Sinfonia de Beetho-ven que ouviu em Heliópolis, favela de São Paulo. "A princípio, ele iria apenas ouvir. Mas depois se empolgou, tirou o paletó e saiu regendo", lembra o contrabaixista Adriano Costa Chaves, de 21 anos, que então fazia parte da orquestra que o Instituto Baccarelli mantém na favela. Chaves impressionou o maestro indiano (que, aliás, é contrabaixista por formação): Mehta ofereceu-lhe um estágio com a Filarmônica de Israel. Antes de embarcar para Israel, Chaves fez um curso de preparação, para aprender hebraico e se familiarizar com os costumes judaicos. "Lá não existe carne de porco. Para um fã de bacon e feijoada como eu, foi duro me acostumar", diz. Na orquestra, Chaves teve a oportunidade de trabalhar mais de perto com Mehta ¿ e com outros maestros de fama internacional. "Kurt Masur é mais seco no trato com os músicos e tem interpretações completamente di-ferentes das de Mehta", diz. Hoje, o brasileiro volta ao país natal na condição de integrante da Filarmônica de Israel.
Notas fora de lugar
Prolífico e bagunçado
Heitor Villa-Lobos foi o compositor de mais de obras. Mas não se preocupou em organizar sua produção, que até hoje carece de uma catalogação exaustiva. Eis suas peças mais importantes
CHOROS
Número de peças: 14 Escritos nos anos 20 e inspirados em fontes populares como a seresta e o Carnaval carioca, estão entre as obras de mais difícil execução
Gravações: em uma das poucas novidades discográficas do ano, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) acaba de lançar a integral dos choros, pela Biscoito Fino
BACHIANAS
Número de peças: 9 Mesclando a música de Bach e o folclore brasileiro, essas são as músicas mais conhecidas de Villa-Lobos
Gravações: há duas boas gravações integrais - ambas em discos importados: do maestro americano Kenneth Schermerhorn, com a Sinfônica de Nashville (Naxos), e do brasileiro Roberto Minczuk, com a Osesp (Bis)
OBRAS PARA PIANO SOLO
Número de peças: mais de 200 Embora não fosse bom pianista, Villa-Lobos criou para o instrumento música infantil, melodias folclóricas e peças virtuosísticas como Rudepoema
Gravações: os melhores registros são dos pianistas Nelson Freire (Warner), Arthur Rubinstein (Sony/BMG) e Sonia Rubinsky (Naxos)
MÚSICA DE CÂMARA
Número de peças: mais de 20 São 17 quartetos de cordas, três trios para violino, violoncelo e piano e várias outras músicas para duetos instrumentais
Gravações: há uma boa gravação integral dos quartetos a cargo do Quarteto Bessler-Reis (Kuarup). Também há um bom disco de duetos com Antonio Meneses e Cristina Ortiz (Independente)
SINFONIAS
Número de peças: 12 As primeiras têm certa inspiração romântica. As mais maduras investem em experiências com a dissonância moderna. Em geral, não estão entre as melhores produções do autor
Gravações: a melhor é do maestro americano Carl St. Clair e a Orquestra Sinfônica de Stuttgart, pelo selo CPO
ÓPERA
Número de peças: 10 A maioria delas nunca foi encenada. Yerma, baseada em poema do espanhol García Lorca, e Magdalena foram montadas nos Estados Unidos. Em setembro, o Palácio das Artes, em Belo Horizonte, vai encenar Menina das Nuvens
Gravações: não há
OBRAS PARA VIOLÃO
Número de obras: mais de 20 São choros, serestas, estudos, concertos e prelúdios que fazem de Villa-Lobos um compositor canônico para os violonistas clássicos
Gravações: as mais indicadas estão a cargo de dois especialistas - Turíbio Santos (Kuarup), diretor do Museu Villa-Lobos, e o paulista Fabio Zanon (MHS)
O milagre venezuelano
As dimensões de El Sistema
Orçamento anual de 34 milhões de dólares - 29 milhões do governo e o restante de patrocinadores e doações privadas
250 000 alunos atendidos por 15 000 professores
Mantém 30 orquestras profissionais e 125 orquestras juvenis ¿ 600 alunos trabalham em uma escola que fabrica instrumentos como violoncelo e oboé
O show não pode parar
Michael Jackson: Uma lenda envolta em mistério, dentro de um enigma
Por que ele foi grande
MÚSICA Com ele, a música negra tornou-se a força dominante no pop. O artista mais bem-sucedido de hoje - Justin Timberlake, um branco - ainda bebe de sua fonte
MODA E ESTILO Seu visual foi moda nos anos 80. Depois disso, o que sobressaiu foi sua excentricidade. Mas os brilhantes e o ouro de suas luvas e casacos tornaram-se parte do vocabulário da alta-costura - até mesmo em desfiles deste ano, de grifes como Louis Vuitton
DANÇA Depois de Michael Jackson, ser um bom dançarino tornou-se imperativo para qualquer astro masculino da música pop. Inspirando-se no break, uma dança de rua, ele inventou seu próprio estilo no começo dos anos 80 - o moonwalk. O uso que Jackson fez de mocassins pretos com meias brancas - em tese, um pecado fashion - era uma homenagem ao uniforme dos bailarinos
Os altos e baixos de Michael (em número de cópias vendidas)
BEN (1972) 20 milhões
Segundo disco do cantor, ficou marcado pela música-título - a primeira de sua carreira-solo a alcançar o topo nas paradas americanas
OFF THE WALL (1979) 1 milhão
É o momento em que ele se descola dos irmãos e da imagem de artista juvenil. Em sintonia com os tempos da discoteca, é um álbum adulto e dançante
THRILLER (1982) 100 MILHÕES
É o auge de Michael. Com hits como Billie Jean e Beat It - além, claro, da faixa título -, o albúm deu início à "Jacksonmania": todos queriam dançar e se vestir como ele
BAD - 1987 - 30 milhões
Coincide com os primeiros sinais de plásticas e descoloração da pele. A partir de seu lançamento, as pessoas começam a prestar mais atenção no personagem Michael que em sua música
DANGEROUS (1991) 32 milhões
Apesar de saudado como "rei do pop", ele tem dificuldade em acompanhar as novas tendências da música negra, trazidas pelo rap e pelo hip hop
INVINCIBLE (2001) 10 milhões
Com custo de 30 milhões de dólares, foi o disco mais caro produzido até então. Levou seis anos para ficar pronto - e foi uma decepção
HIStory: PAST, PRESENT AND FUTURE (1995) 20 milhões
A coletânea é uma tentativa desesperada do cantor de demonstrar que ainda tem alguma relevância musical. Imerso em esquisitices, manda espalhar estátuas suas pelos quatro cantos do mundo
A pré-história dos teens
Alguns dos movimentos - ideológicos, sociais, artísticos - que congregaram os jovens no último século
APACHES Virada do século XIX para o XX
Quem eram: delinquentes juvenis dos subúrbios de Paris
O que queriam: foram definidos como anarquistas, mas não tinham programa político - viviam de pequenos furtos e adoravam a vida parisiense
Como se vestiam: paletós pretos, camisas coloridas e calças de feltro com bolsos largos
JUVENTUDE HITLERISTA Décadas de 30 e 40
Quem era: a ala adolescente do partido nazista
O que queria: propagar o antissemitismo, recrutar novos adeptos e reprimir violentamente os opositores
Como se vestia: roupa militar - camisa marrom, braçadeira com a suástica, calção preto, sapatos pretos e boné
SWINGERS Décadas de 30 e 40
Quem eram: grupos de adolescentes americanos que dançavam ao som de big bands como as de Benny Goodman
O que queriam: dançar, dançar, dançar, não importava com quem: o swing foi dos primeiros movimentos musicais americanos a integrar brancos e negros
Como se vestiam: os homens usavam calças largas, paletós compridos, correntes penduradas no cinto e chapéus de abas reviradas. As meninas trajavam blusas, suéteres, sapatos sem salto, soquetes e vestidos pregueados
BEATS Décadas de 50 e 60
Quem eram: jovens intelectuais americanos - como Allen Ginsberg e Jack Kerouac - desiludidos com o período pós-guerra, que se entregaram ao jazz, ao sexo e ao consumo de drogas
O que queriam: contestar o establishment com recitais de poesia
Como se vestiam: camisas sem gravata, boinas e eventuais óculos escuros
PUNKS Década de 70
Quem eram: jovens de Londres, que tiveram o azar de crescer em meio a uma das piores crises econômicas da Inglaterra. Era um movimento plural: reunia adolescentes do subúrbio e jovens de classe média alta
O que queriam: o movimento tinha certo viés anarquista
Como se vestiam: roupas de couro, alfinetes pregados no rosto, cabelos tingidos de cores extravagantes