segunda-feira, 18 de junho de 2007

Decadência é triste

Não existe nada pior do que artista que se recusa a aceitar a decadência. Aliás, não existe nada pior do que artista que se recusa a aceitar a decadência e desembarca no Brasil a fim de enganar uns incautos. Estou falando de Lauryn Hill, artista de hip hop, que na semana passada tungou gaúchos, paulistas e cariocas.
Dez anos atrás, Lauryn era a maior promessa da música negra norte-americana. Era vocalista dos Fugees, trio de rap que tinha letras espertas - falavam de amor ou política ao invés do discurso pró-bandidagem do gangsta rap - e influências de soul music e reggae. No ano de 1998, a cantora lançou seu primeiro disco solo, The Miseducation of Lauryn Hill, um álbum que mostrou novos caminhos para o hip hop. Lauryn cruzou o gênero com soul music - vide Doop Wop (That Thing) primeiro single do disco - e o disco se transformou no item de cabeceira de moças como Beyoncé, Joss Stone & cia.
Mas lá se vão dez anos e a Lauryn Hill que lançou Miseducation... nem de longe é a Lauryn Hill que assisti no Tom Brasil. Diva decadente, ela deu piti no hotel (que achou meio burguês), no trato com a imprensa (exigiu ser entrevistada por repórteres negros) e no público (entrou com mais de duas horas de atraso). Cantora de meia-pataca, entrou no palco afônica e desafinou sempre que teve oportunidade. Aliás, o tempo que gastou para colocar aqueles cílios postiços poderia ter sido gasto num bom otorrino. Artista equivocada, destruiu três clássicos do sogro, Bob Marley (Lauryn é casada com Rohan, um dos trocentos filhos do rei do reggae) ao cantá-las num andamento acelerado e acompanhada por uma banda horrorosa. Heathen, Natty Dread e Zimbabwe (esta última, uma homenagem à independência do país africano, na década de 70 - e cujo libertador, Robert Mugabe, se transformou num tirano sanguinário) sofreram mais do que vítima de guera tribal no continente africano. A seu favor, Lauryn contou com a complacência do público, que pagou mais de 200 reais para assisti-la e achou tudo "muito foda". Os cariocas não se deixaram enganar tão fácil: sapecaram uma sonora vaia na folgada. Foda, meus caros, é ser enganado por uma artista metida a diva que não sabe o significado da palavra profissionalismo.

Nenhum comentário: