sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Tim Tim por Tim Tim (ou melhor, pelo Fabio)

Todo jornalista que conheço tem uma história engraçada envolvendo Tim Maia. Pedro Só, que trabalhou comigo na BIZZ (depois SHOWBIZZ) de 1995 a 1999, foi entrevistar o Tim e tomou essa: "Com seus olhos verdes e minha voz, a gente comeria um monte de mulher...". Sílvia Caricatti, ex-Folha da Tarde, entrevistou Tim por telefone. Ele perguntou a idade dela e mandou esta cantada: "24 aninhos? Hmm, minha filha, tá na idade do abate!". Paulo Cavalcanti, meu parceiro de Notícias Populares, foi entrevistar o Tim em 1991 e descobriu que a fama do cantor, conhecido por dar cano em shows e entrevistas, era verdadeira - o mais engraçado é que o fotógrafo se atrasou e topou com o Tim no lobby do hotel. Gentilíssimo, Tim presenteou o sujeito com dois discos e autógrafo para a família toda. Eu também tive minhas aventuras com Tim Maia. Certa feita, participei de uma coletiva no hotel Othon Palace, no centro de São Paulo. Ao meu lado estava Fabian Chacour, outro jornalista que possui uma silhueta rotunda. "Porra, como tem gordo nessa cidade. Vocês fazem como eu, só compram blusa na camisaria Varca (para quem não conhece, uma loja que vende roupas para quem está muito, mas muito acima do peso)?" Claro que não, Tim. Durante a entrevista, caí na besteira de perguntar qual a semelhança do trabalho dele com o do sobrinho, Ed Motta. "Está vendo esse dedo mindinho? Pois eu não corto a unha deste dedo. Meu sobrinho também não corta", mandou.
Se os jornalistas têm tantas histórias a respeito de Tim, o que dirá um sujeito que conviveu com o cantor em diversos momentos de sua carreira? Pois é que me levou a ler Até Parece Que Foi Sonho (Editora Matrix; 136 páginas; 23 reais), c0mpilação de causos do cantor Fabio. Para quem não conhece, ele foi da turma do soul brasileiro ao lado de Tim, Cassiano e Hyldon. Fabio era um cantor razoável - pelo menos para os meus padrões de soul music - mas chegou a emplacar dois hits: Velho Camarada e Até Parece que Foi Sonho. As histórias de Fabio variam de hilárias e tristes. Hilárias porque Tim era um sujeito excêntrico, bebia, fumava e cheirava para dedéu e era mestre em protagonizar confusões. Ele conta causos saborosos, como quando Tim comprou um falcão, os diversos barracos que ele aprontou no avião etc. Mais detalhes, só se você adquirir o livro do Fabio. Em compensação, Fabio mostra que Tim Maia era um sujeito bastante triste. Gordo, feio, pobre e desengonçado, ele tinha problemas em se relacionar com as mulheres. Fabio dá detalhes das neuras do amigo, que nunca soube se as meninas ficavam com ele porque era gostavam de Sebastião Rodrigues Maia, ser humano gentil e carente, ou porque queriam falar com as amigas que transaram com o Tim Maia. As dúvidas, as encrencas com as gravadoras e amigos e mais toneladas de álcool e drogas que Tim consumiu ao longo da carreira o transformaram um sujeito amargo, desconfiado e, dependendo do dia, bruto com as pessoas - e todo jornalista também tem uma história sobre o famoso "outro lado" do Tim.
Pessoalmente, acho que o sofrimento de Tim o ajudou a criar suas composições mais famosas. Afinal, ninguém escreve Eu Preciso Ser Amado se não estiver numa fossa profunda ou canta Gostava Tanto de Você se não sentir saudade da pessoa amada. Pena que Tim nunca tenha encontrado conforto. Deixo aqui um pequeno momento de Tim Maia.
http://www.youtube.com/watch?v=36uxG3uwan8

2 comentários:

Rafael Guedes disse...

Puts, Sérgio, mandou muito bem! Mais um blog para os favoritos. O Síndico é o homem.

Henrique Crespo disse...

Fala Sergio,
Legal aqui hein.
Conheço uma produtora que trabalhou com o Tim. Ouvi varias histórias dela também. rs
Ha algum tempo atrás o Hyldon fez um show aqui no Rio e teve a participação da Fábio.
Abraço
Henrique